A gelatina é frequentemente vista como uma opção “diet-friendly” e está muita vez associada como “a sobremesa para quem está de dieta”.  No entanto, pode não ser tão inofensiva como parece, podendo até ser o alimento que dificulta a perda de peso.
Um dos mitos mais frequentes é acreditarmos que a gelatina é uma boa fonte de proteína. Podemos refutar facilmente esta ideia ao observarmos a sua tabela nutricional, confirmando assim que uma dose de gelatina fornece uma quantidade de proteína insignificante (cerca de 2g), o que equivale sensivelmente a ¼ de um iogurte natural. Podemos até afirmar que para ingerirmos 20g de proteína, teríamos de consumir 1kg de gelatina.

O seu teor proteico é semelhante em todas as marcas e tipos de gelatina, mas quando falamos da percentagem de gelatina propriamente dita ou da quantidade de açúcar, o caso já é diferente e é aqui que temos de ter algum cuidado. A maioria das gelatinas, na sua versão original, conta apenas com cerca de 10 a 15% de gelatina na sua composição. A quantidade é tão pequena que muita vez nem aparece em primeiro lugar na lista de ingredientes, lugar esse ocupado frequentemente pelo açúcar. Conseguimos então perceber que a versão original apresenta uma elevada quantidade de açúcar (entre 15 a 20g/dose), tornando-a mais açucarada do que outras sobremesas (que muita vez trocamos pela gelatina com a intenção de consumirmos menos calorias e açúcares).
               
Nas versões light a composição já é diferente, pois apresentam uma percentagem de gelatina à volta dos 70% e ainda uma diminuição da quantidade de açúcar, sendo este substituído por adoçantes como o aspartame. Mais recentemente, começaram a aparecer gelatinas adoçadas com stevia, o que acaba por ser uma opção mais simpática quando comparada com as habituais light, apresentando igualmente uma diminuição de açúcar e uma maior percentagem de gelatina, mas com a vantagem de ser um adoçante natural e não artificial.

É ainda importante entender o que é considerado uma dose de gelatina. Esta equivale ao copo da gelatina já preparada, podendo ser considerado uma dose pequena para alguns indivíduos. Assim, a tendência é de ultrapassar essa dose, principalmente quando a gelatina é preparada em casa, consumindo o dobro ou até o triplo da dose estipulada, o que não é o ideal, principalmente quando falamos de gelatina na sua versão original.
Em suma, tanto podemos ter uma gelatina que pode sabotar uma dieta, como podemos ter uma gelatina menos açucarada, o que mostra a importância de ler e entender o seu rótulo antes de adquirir este alimento. Inofensiva ou não, não deixa de ser um alimento vazio nutricionalmente e não acrescenta nada relevante a uma dieta saudável e equilibrada.

Poderá ser interessante aplicá-la juntamente com outros alimentos de modo a obtermos refeições diferentes e com um maior teor proteico (ex: Iogurte natural + gelatina, originando a gelatina de iogurte).

Catarina Nunes

Convidada pela Athletika
Licenciada em Ciências da Nutrição pela FCNAUP.