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Agachamento, sim ou não?

Agachamento, sim ou não?
12 October, 2017

Esta é uma dúvida muito comum quando se fala no agachamento. No entanto é necessário termos em conta: O agachamento é um padrão de movimento funcional e um dos principais padrões do movimento humano. O seu objectivo é deslocar o máximo de segmentos corporais o mais baixo possível, sendo um gesto que está presente em várias actividades do dia-a-dia, como levantar e sentar numa cadeira, apanhar objectos a nível do solo.
 
 Nos últimos anos o agachamento tem vindo a ser cada vez mais utilizado como exercício, e é fácil perceber o porquê: é um exercício funcional que tem capacidade de recrutar múltiplos grupos musculares num só movimento, sendo as contra-indicações raras quando este é realizado com a técnica correcta.
 
 É um exercício complexo e que inclui uma boa relação entre várias articulações, de tal modo que qualquer falha num dos elementos deste padrão de movimento irá provocar o aparecimento de compensações, que irão colocar estruturas em sobrecarga. Uma das compensações mais frequentes é a translacção anterior dos joelhos (movimento que provoca uma deslocação dos joelhos para a frente, passando o dedo grande do pé), que pode ocorrer por falta de mobilidade/estabilidade noutra zona do corpo. No entanto esta translacção também poderá ser intencional.

Vamos analisar o que acontece com e sem a translacção dos joelhos:

  • Com translacção:

    • as forças de cisalhamento (“fricção”) entre a tíbia e o fémur aumentam, provocando um aumento das forças de compressão nalgumas estruturas (meniscos, cápsula posterior, entre outras);

    • o stress na articulação patelofemoral (entre a rótula e o fémur) aumenta, podendo provocar o aparecimento de dor nessa articulação;

    • o trabalho realizado pelo quadricípite aumenta.

 

  • Sem translacção:

    • a amplitude dos joelhos diminui e a flexão da anca e do tronco aumenta, gerando-se uma força excessiva na região lombar, o que pode provocar lesões nesta zona;

    • aumenta o trabalho dos músculos extensores da anca.

 
O que podemos então concluir? Que não existe uma regra definida. A condição de cada pessoa deve ser avaliada e a técnica de agachamento deve ser realizado de acordo com os objectivos definidos para cada caso.
 
No caso de existir alguma dor ou alguma lesão nos joelhos a pessoa deverá dirigir-se a um profissional de saúde qualificado que irá avaliar a sua condição e aconselhar qual a melhor opção.
 
Referências Bibliográficas
Cook, G., Burton, L., Kiesel, K., Rose, G. & Bryant, M. (2010). Movement. Functional Movement Systems: Screening, Assessment and Corrective Strategies. Aptos, California: On Target Publications.
Fry, A., Smith, C. & Schilling, B. (2003). Effect of Knee Position on Hip and Knee Torques During the Barbell Squat. Journal of Strength and Conditioning Research, 17(4), 629-633.
Kernozek, T., et al. (2017). Effect of Anterior Knee Displacement during Squatting on Patellofemoral Joint Stress. Journal of Sport Rehabilitation, Artigo à espera de publicação, 1-26.
Schoenfield,B. (2010). Squatting Kinematics and Kinetics and Their Application to Exercise Performance. Journal of Strength and Conditioning Research, 24(12), 3497-3506.

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