12 November, 2021
A Síndrome Patelo-Femoral é uma das causas mais comuns de dor no joelho. Apresenta uma natureza não traumática e manifesta-se com uma dor difusa na parte da frente desta articulação. Esta dor surge à volta, ou atrás da rótula em atividades que exigem flexão e/ou extensão do joelho em carga, como por exemplo agachar, saltar, andar de bicicleta e subir/descer escadas. No entanto também pode aparecer quando se está sentado durante muito tempo. Esta dor não se encontra associada à lesão ou degeneração de qualquer estrutura do joelho, podendo, por isso, denominar-se como sendo não específica.
Esta condição apresenta uma prevalência de 22,7% na população geral, surgindo mais frequentemente em pessoas que são fisicamente ativas e em mulheres. Ao longo dos últimos anos têm vindo a ser sugeridas várias causas para o aparecimento desta síndrome. No entanto, ainda não se conseguiu chegar a um consenso acerca da sua origem. De todos os fatores de risco propostos o único que parece realmente aumentar o risco de se desenvolver esta síndrome é a existência de baixos níveis de força no músculo quadricípite, embora atualmente não se consiga afirmar isto com 100% de certeza. O mais provável é que o que se encontra na origem do aumento do risco de desenvolvimento desta condição não sejam fatores individuais, mas sim as diversas interações que podem existir entre estes.
O diagnóstico da Síndrome Patelo-Femoral é complexo, visto que atualmente não existe qualquer teste ou conjunto de testes que consigam levar à realização de um diagnóstico preciso desta condição. Assim sendo, atualmente, este diagnóstico só se consegue realizar de forma precisa após a exclusão de todas as restantes causas de dor no joelho.
A Fisioterapia apresenta um papel bastante preponderante na resolução desta síndrome, visto que a maioria das pessoas é tratada de forma conservadora (sem recurso a cirurgia) e esta abordagem de tratamento apresenta bom prognóstico. Existem vários tipos de intervenções que são frequentemente utilizadas durante as sessões de Fisioterapia, como colocação de ortóteses nos joelhos e/ou pés, ligaduras funcionais e terapia baseada em exercício. Embora o exercício pareça ser uma componente chave no tratamento desta síndrome, o mais provável é que a modalidade de tratamento mais eficaz seja diferente de pessoa para pessoa e varie de acordo com o que se encontra na origem do aparecimento da Síndrome Patelo-Femoral.
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